terça-feira, 29 de julho de 2014

O Estado de Israel, um país legítimo


Israel é um país recente, fruto de um movimento moderno, chamado Sionismo. O sionismo nasce com Theodor Herzl, com o lançamento do Livro “O Estado Judeu”, porém, a aspiração dos judeus a voltarem para Israel, sempre existiu.
Com a modernidade e principalmente depois da Revolução Francesa, os judeus saíram dos guetos ou do shtetl, em direção as grandes cidades europeias. Ao chegarem as grandes cidades se depararam com um mundo novo, o mundo da fábrica, e mais do que isso, se depararam com uma classe social nova, o operariado. Era preciso se integrar a sociedade .
Um grande debate se deu dentro da sociedade judaica, principalmente entre os rabinos e os judeus que queriam se jogar no mundo moderno. O iluminismo já tinha contestado vários valores e derrubado monarquias, o iluminismo espalhou o conceito de cidadania, e aquele judeu que apenas estava na França ou na Alemanha, virou um judeu francês ou um judeu alemão.
Vários judeus refletindo sobre este processo adaptaram o iluminismo e iniciaram um movimento filosófico chamado de Haskalá. A Haskalá, dizia que o judaísmo tinha que se modernizar, que o judeu tinha que ir para a universidade, que tinha que falar a língua nacional, que tinha que adotar a cidadania local e nem por isso deixaria de ser judeu.
Os judeus operários nas grandes cidades criaram o maior partido de esquerda da Europa, o BUND. E apesar de sua condição civil de cidadão, muitas vezes, os judeus eram vistos como intruso, como aquele que chegou e tirou o emprego de um suposto cidadão legítimo.
Nessa época, é verdade que alguns judeus já tinham uma vida próspera e bem burguesa, sendo algumas famílias donas de verdadeiros impérios financeiros. Porém, a grande massa judaica estava no BUND. Não tardou para que teorias conspiratórias ganhasse força na Europa, as ideias que os judeus queriam conquistar o mundo, que os judeus eram os verdadeiros agentes do capitalismo ou que os judeus espalharam o comunismo pela Europa se disseminaram. Essas teorias passaram rapidamente para uma prática violenta, conhecida como Pogron, onde lojas de judeus eram quebradas e judeus eram agredidos nas ruas. A Europa tinha sem dúvida, uma questão, a questão judaica.
O Movimento Sionista ganhou força neste momento e diversos congressos foram realizados, várias teses foram debatidas, de toda e qualquer espécie. Acho até que o mais correto seríamos chamar de sionismos. Os líderes sionistas queriam que o povo judeu tivesse um Estado, e a questão se tornava urgente, pois, a situação na Europa e na Rússia piorava bastante.
Após um longo debate, ficou decidido que o lar judaico deveria ser a Palestina. Os sionistas através de doações começaram a comprar terras na Palestina. Com a crise econômica na Europa, o aumento do antissemitismo e a I Guerra Mundial, aumentou consideravelmente a imigração judaica em direção à Palestina. Assim como aumentou o interesse árabe em vender algumas de suas terras para os novos colonos judeus. Os árabes estavam fazendo bons negócios e voltavam para suas casas felizes com o dinheiro das vendas das terras.
Com o aumento da imigração, os judeus começaram a criar cidades, como por exemplo, Tel Aviv em 1909 e instituições, como por exemplo, a Universidade Hebraica de Jerusalém em 1918, e para quem acha que o domínio daquelas terras era dos árabes, se engana, pois quem mandava na região era principalmente a Inglaterra. O que não quer dizer, que os Árabes não tivessem um projeto nacional para aquele local, pois tinham.
Nessa época, alguns conflitos entre árabes e judeus, começaram a acontecer, pois, com o crescimento da imigração judaica, os judeus foram se estabelecendo na Palestina negociando com o mandatário do local a Inglaterra.
Com o final da II Guerra Mundial, a ONU, numa tentativa de conter os conflitos iminentes entre árabes e judeus dividiu o território em 2 Estados, Um para os judeus e o outro para os árabes.
O lado árabe não aceitou a partilha, e logo começou uma guerra, vencida por Israel. Alguns Palestinos foram expulsos de suas terras e outros fugiram do conflito. Israel se estabeleceu como um Estado na região em 1948. Após essa data vários outros conflitos ocorreram na região, todos vencidos por Israel, que também aproveitou para alargar seu território.
O Estado de Israel se estabeleceu de forma legítima, fruto de um movimento político legítimo. Não reconhecê-lo é uma perda de tempo que até a OLP já desistiu de negá-lo. Agora é hora dos judeus israelenses ou na diáspora pressionarem seu governo a negociar um acordo de paz, e a não mais boicotar o estabelecimento de um Estado Palestino

Henrique Fridman é professor de História, Pós Graduado pela PUC-RJ e pela Universidade Hebraica de Jerusalém.

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