terça-feira, 29 de julho de 2014

Sirenes, bombas e um jogo de futebol interrompido.

Sirenes, bombas e um jogo de futebol interrompido.

     Sempre quando começa um conflito entre Israel e seus vizinhos, começa também uma outra guerra, essa, apesar de injusta não faz vítimas, pelo menos a curto prazo. Uma avalanche de posts contra o Estado de Israel, que muitas vezes ultrapassa o limite tênue entre o antissionismo em direção ao antissemitismo ou, por parte dos sionistas, ao antiarabismo. São generalizações de ambos os lados e pouco importa se pessoas dedicam suas vidas estudando a História do Oriente Médio e deste conflito, pois, quando começa a guerra, todos sabem a mesma coisa, e viram especialistas no assunto, torcem, como se fosse uma simples partida de futebol, ou analisam de forma fria os números de mortos de ambos os lados.

     Infelizmente começou mais um conflito, e a pergunta do presidente da Autoridade Palestina, Mahamoud Habbas “ O que o Hamas está tentando conquistar lançando seus foguetes?” Está sendo respondida diariamente nas redes sociais. O Hamas tenta convencer você, que existe um lado certo, um lado mais fraco, um lado que vive oprimido. O Hamas considera seus mortos heróis, independente de serem crianças, jovens, adultos, velhos ou mulheres. Todos ali, estão obrigados a morrerem por Alá.

     Do lado israelense, o governo de direita de Netanyahu, também responde a pergunta de Abbas. E responde de forma dura e cruel. Para os que acham que Israel quer se expandir e conquistar Gaza, é bom lembrar que Israel saiu de Gaza em 2005. Colocou o seu exército a serviço dos palestinos e expulsou todos os judeus de Gaza. Desde então o Hamas controla a região, e uma chuva de mísseis caem diariamente sobre Israel. Primeiro eram apenas sobre as cidades do sul e agora esses mísseis já são capazes de atingir quase todo o território israelense. Para se defender Israel investe um alto valor em tecnologia, o que resultou no Iron Dome, um avançado sistema de defesa contra os mísseis do Hamas, e Israel não pode ser culpado por isso.

     Querem culpar Israel pela desproporcionalidade, garanto a vocês que se fosse proporcional o número de mísseis que Israel lança em Gaza, com o número de mísseis que o Hamas lança em Israel, Gaza não mais existiria. Israel tem todo o direito de se defender e de garantir a segurança de seus cidadãos, porém, os efeitos da guerra são cruéis e os que mais sofrem são as crianças. Infelizmente o que tenho notado, não é um lamento pelas crianças palestinas mortas e sim que morreram poucos israelenses. Do lado israelense, o som das sirenes silencia a razão e as vozes do bom senso, e um acordo de paz, fica cada vez mais distante..

    O povo palestino tem a sua própria história e tem razão em diversas de suas causas, inclusive na principal delas, o direito a um Estado soberano. Mas não tem razão em fazer de suas crianças mortas um espetáculo para o mundo, crianças são apenas crianças, crianças não são escudos, crianças, palestinas ou israelenses não nascem se odiando, mas, aprendem a odiar, uma por que ouve a sirene a cada minuto e o jogo de futebol tem que parar, pois, ela tem poucos segundos para chegar a um abrigo, a outra por que um míssil caiu bem no campo de futebol e matou todos os seus amigos, simplesmente porque o campo de futebol, onde se divertiam crianças palestinas, estava uma base do Hamas.

Henrique Fridman é professor de História

Nenhum comentário: